DA
GUERRA CIVIL
E DO
ESTABELECIMENTO DO GOVERNO PARLAMENTAR
EM
PORTUGAL
Comprehendendo
a historia diplomatica, militar e politica deste reino
desde
1777 até 1834
POR
SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO
SEGUNDA EPOCHA
GUERRA DA PENINSULA
TOMO
III
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1874
Páginas 598 a 600
(25-26-27-28 de setembro de 1811)
(25-26-27-28 de setembro de 1811)
Reunidas como finalmente
se viram todas as tropas aliadas, pôde dizer-se que em Fuente Guinaldo se
achava postado o centro do seu exercito, tendo a sua ala direita estabelecida
na passagem de Perales, e a sua ala esquerda em Nave de Aver. Na manhã de 26
Marmont pareceu querer seriamente atacar os aliados, mas lord Wellington não
esperou por isso, pois que apenas viu reunidas todas as suas tropas, levantou o
seu campo, e com elas se retirou por um habil movimento concentrico para um
novo terreno entre o Côa e as nascentes do Agueda, tres a quatro leguas mais para
a retaguarda de Fuente Guinaldo, onde se havia demorado trinta e seis horas,
contadas desde o meio dia de 25 até á meia noite de 26, não obstante a viva
inquietação, que lhe causou a demora da divisão ligeira do general Crawfurd.
Na sua nova posição lord
Wellington colocou o seu exercito pelo seguinte modo. A quinta divisão foi
posta á direita da Aldeia Velha; a
quarta, os dragões ligeiros e a cavallaria de Victor Alten no convento de Sacaparte, adiante de Alfaiates: a terceira e setima divisões
em segunda linha, por trás de Alfaiates:
o corpo do commando do general Graham na esquerda de Bismula, tendo a sua vanguarda para alem da ribeira de Villa Maior; a cavallaria do tenente
general sir Stapleton Cotton perto de Alfaiates;
á esquerda da quarta divisão, tendo a mesma cavallaria pela sua esquerda, as
brigadas dos generaes Pack e Mac-Mahon em Rebolosa.
Os piquetes de cavallaria estavam adiante da Aldeia da Ponte, para alem da ribeira de Villa Maior, e os do general Victor Alten para alem da mesma
ribeira em Forcalhos. No dia 27
Marmont atacou os postos avançados da Aldeia
da Ponte, da qual se assenhoreou depois de uma encarniçada luta, cousa que nenhuma
vantagem lhe trouxe. Neste combate, que nós denominamos de Alfaiates, e Napier lhe chama da Aldeia da Ponte, tomaram parte os seguintes corpos portuguezes:
cavallaria n.° 1, infanteria n.° 1, 9, 11, 13, 16, 21, 23 e 24; caçadores n.°
1, 3, 4, 5 e 7, e artilheria n.° 2, perfazendo o total de 10:173 homens.
No seguinte dia (28)
lord Wellinglon, suppondo no duque de Ragusa a intenção de passar o Côa,
estabeleceu o seu exercito nas alturas que estão por trás de Soito, tendo a sua direita apoiada na serra de Mesas, e a sua esquerda em Rendo sobre o Côa, uma legua pouco mais ou menos para a retaguarda da posição
tomada no dia 27, sendo mais forte do que esta era; mas apoiando-se n’uma
profunda ravina, succederia que em caso de revez, o respectivo exercito teria
compromettida a sua retirada. Marmont porém, tornando-se timido diante da
altiva firmeza do general inglez, e achando-se por outro lado falto de viveres,
que não podia haver no paiz, retrocedeu no mesmo dia 28 para o Tejo, sem nada
mais ter feito do que abastecer a Cidade
Rodrigo e haver mettido n’ella uma nova guarnição de uns 2:000 homens
escassos, sendo-lhe com toda a rasão estranhado que deixasse perder uma nova
occasião de aniquilar um exercito, que dentro em poucos mezes o havia de
aniquilar a elle. Dorsenne foi pela sua parte para Salamanca, postando-se uma divisão em Alba de Tormes, para segurança da communicação com Marmont. Foy,
tendo avançado com as suas duas divisões até Zarza la Mayor, na direcção de Castello
Branco, voltou para Plasencia.
Girard, ameaçado pela divisão portugueza do general Hamilton, deixou 2.000
homens do quinto corpo em Merida,
retirando-se elle Girard para Zafra. Desde que lord Wellington teve
conhecimento d’estes movimentos ordenou que a divisão ligeira, reforçada por
dois esquadrões de cavallaria, retomasse por formalidade o bloqueio da Cidade Rodrigo, de concerto com D.
Julião Sanches. O resto do exercito aquartelou-se pelas duas margens do Côa, estabelecendo-se o quartel general
em Freineda.
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